Dia 25 de julho: Mulheres negras, luta coletiva e ancestralidade

O dia 25 de julho é o Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, data que simboliza a resistência e a luta das mulheres negras.

O marco foi instituído em 1992 no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana. Este encontro se dedicou a dar visibilidade e organizar as lutas das mulheres negras em diferentes países do continente americano contra as opressões de gênero e o racismo. 

No Brasil, esta mesma data homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, uma referência para os povos escravizados brasileiros na resistência à opressão, com o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Você sabe quem foi ela?

Tereza de Benguela é considerada uma heroína do povo negro na história brasileira. Por muito tempo, sua história não recebeu a devida atenção, mas seu legado e memória vêm sendo resgatados. A líder quilombola homenageada no Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão no século XVIII.

“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, onde hoje é o estado do Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho. Ela então ficou conhecida por sua visão estratégica e de vanguarda. Sua liderança se destacou pela criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa.

Segundo estudos, o Quilombo liderado por Tereza de Benguela abrigava mais de 100 pessoas negras e indígenas. No território, plantavam com prosperidade alimentos e cultivavam algodão. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença.

Mulheres negras como Tereza de Benguela são inspirações e referências ancestrais da luta contra todos os tipos de opressões. Seu legado está em muitas mulheres que hoje também enfrentam o racismo, o sexismo, em defesa de cidades inclusivas, democráticas e populares. 


Em 2022, comemora-se dez anos desde a realização do primeiro Julho das Pretas, uma iniciativa de fortalecimento da organização e ação coletiva de movimentos de mulheres negras brasileiras, com objetivo de construir uma agenda propositiva.

Confira a programação completa do Julho das Pretas.

O Bem Viver vem neste Julho reforçar o projeto político que temos para a sociedade brasileira e América Latina, ou como melhor denominou nossa ancestral Lélia Gonzalez, Améfrica Ladina Preta Indígena”, afirma o documento do Julho das Pretas

O FNRU apoia e se soma à luta por uma sociedade que, ao lado da luta por cidades justas, democráticas e inclusivas, valorize as vidas negras, indígenas, das mulheres e LGBTQIA+; garanta direitos universais; defenda a natureza e o meio ambiente; respeite a cultura e autodeterminação dos povos. 

A mobilização do Julho das Pretas este ano contará com 427 atividades realizadas por mais de 200 organizações de mulheres negras em 18 estados brasileiros, além de uma atividade em Paris, na França.