Recebemos com indignação e perplexidade a notícia do extermínio de pelo menos 29 pessoas no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, durante ação policial criminosa e que é a mais violenta da história do estado. Até agora não foram apresentadas informações concretas do que aconteceu, e nem identificação ou informações sobre as vítimas.
A ação, além de desastrosa e absolutamente consciente por parte das autoridades policiais do RJ, contraria decisão do STF, que desde junho de 2020 suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, com o Ministério Público sendo devidamente avisado.
Esta ação reflete a necropolítica que hoje é a marca de condução do Governo Federal e de diversos estados e cidades no Brasil. É preciso profunda reflexão e um basta nesta cruel realidade que se repete em diversos lugares do Brasil. Cabe destacar que estudos apontam que letalidade não diminui violência e que, diferente de ações de grupos e milícias, esta ação foi autorizada pelo Estado e as autoridades devem responder e esclarecer as circunstâncias desta ação.
Percebemos a diferença de tratamento da ação do próprio Estado, que abusa da violência e da força na periferia. Esta é uma realidade que precisa ser alterada. Quando não é a pandemia e a fome que vêm matando nas periferias, o mesmo Estado, que se ausenta no auxílio emergencial e na garantia da vacina e condições sanitárias, se manifesta através das forças policiais matando diariamente – muitas vezes anonimamente – nossa juventude, principalmente jovens pretos, nas favelas e vilas do Brasil.
O Fórum Nacional da Reforma Urbana se solidariza com as comunidades e familiares das vítimas deste massacre. Exigimos que as responsabilidades sejam apuradas e que os responsáveis respondam pelos seus atos.
Vidas Pretas Importam!