Já se passam mais de 15 dias que a população do Amapá está sofrendo sem luz, sem acesso a água, a alimentação e a outros insumos básicos. É um absurdo que o Governo do Estado do Amapá e o Governo Federal não estejam se mobilizando em caráter de urgência para atender à demanda da população, para restabelecer o mais rápido possível o abastecimento de eletricidade.
O Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) é uma rede nacional, composta por entidades de todo o país. As organizações e movimentos do FNRU que estão no norte do país já estão agindo nestas duas semanas para aliviar os impactos do apagão e atender à população mais necessitada com mantimentos. Neste contexto, vemos mais uma vez a sociedade civil organizada sendo protagonista no apoio social, se mobilizando para garantir as entregas de água e alimentos nos postos de atendimento da capital e do interior.
Paralelamente, o Governo Federal segue ausente, inclusive negando a ampliação do auxílio emergencial para o Amapá, ignorando a situação de vulnerabilidade extrema, que trouxe transtornos enormes para todos os amapaenses. Damos todo o nosso apoio à população e aos movimentos e entidades do Amapá, que neste período protagonizaram mais de 100 manifestações populares de média e grande participação.
Contexto
Privatizado há mais de 05 anos, o fornecimento de energia elétrica no Amapá é feito por uma empresa privada chamada Gemini Energy, que não vinha fazendo a manutenção na estação de distribuição. Com um gerador desativado há mais de um ano e apenas um funcionando para o fornecimento de energia, o sucateamento da unidade levo a um apagão geral no estado. Neste contexto de crise, as empresas públicas da Eletrobrás e da Eletronorte foram acionadas para fazer a subestação voltar a funcionar, ainda que com 70% da sua capacidade. Este funcionamento limitado significa que o estado inteiro está passando por um rodízio para fornecimento de energia: A cada 03 horas um bairro de Macapá tem energia. A cada 03 horas uma cidade do interior do estado tem energia.
COVID-19
É ainda mais preocupante o fato deste apagão estar acontecendo durante um período de pandemia. O Amapá já está passando pela 2ª onda do coronavírus e isso também se deve à falta de condições básicas para higienização por parte das famílias. A falta de energia compromete também as unidades de saúde, principalmente nos locais mais descentralizados, onde a infraestrutura é precária. Com geradores muito velhos para garantir o pleno funcionamento dos equipamentos hospitalares, o apagão está colocando em risco a saúde pública e a vida das pessoas internadas em UTIs.
O descaso histórico que os estados do norte do país sofrem está sendo ampliado de forma absurda e milhares de famílias estão em situação de abandono. São principalmente as pessoas que vivem nas periferias de Macapá, nas cidades do interior, nos territórios quilombolas e tradicionais ribeirinhos que estão no centro desta crise. Precisamos enquanto sociedade civil organizada fazer pressão coletiva por soluções imediatas, e construir a luta contra a privatização do patrimônio público, para que mais casos como este não aconteçam. A luta do povo do Amapá não pode ser ignorada! #SOSAMAPÁ