Março é o mês que reúne e potencializa as lutas das mulheres, mas é preciso reafirmar que ser mulher na sociedade brasileira é travar batalhas em todos os 365 dias do ano. Especialmente as mulheres negras, periféricas, trabalhadoras informais, sem teto, mães e com deficiência. No 8 de março de 2021, Dia Internacional das Mulheres, trouxemos à tona a complexa teia de violações aos direitos das mulheres diante da crise provocada pelo coronavírus e pelo desgoverno genocida do atual presidente da República.
Se tradicionalmente o dia das mulheres foi construído pelos movimentos de mulheres como um dia de reconhecimento das lutas históricas das mulheres por igualdade social, pela vida e pelo bem-viver de todas, o contexto de inflexão conservadora brasileiro pede que o olhar interseccional seja aguçado pelos movimentos sociais.
Não há como lutar pelo direito à cidade sem visibilizar e escutar as mulheres negras que são a base da sociedade brasileira. A luta pelo direito à cidade diz respeito às mulheres negras, intimamente, porque despejos, violências urbanas, a falta de água e saneamento básico e o transporte público impactam diretamente suas vidas. São elas que mobilizam e potencializam transformações em bairros, comunidades e favelas nos diferentes Brasis.
“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, afirma a filósofa negra norte-americana Angela Davis. Símbolo desse cruzamento, sua frase nos convida a pensar e aprofundar debates sobre a importância de, cada vez mais, falar em gênero, raça e direito à cidade como questões estruturais e estruturantes da sociedade e das estratégias de luta.
Por cidades construídas por e para mulheres, por justiça social e o bem-viver de todas as mulheres, seguimos em luta até que todas sejamos livres!